do tratado da reforma da inteligência

"tudo o que acontece na vida ordinária é vão e fútil ....As coisas que mais frequentemente ocorrem na vida, estimadas como o supremo bem pelos homens, a julgar pelo que eles praticam, reduzem-se, efetivamente, a estas três, a saber, a riqueza, as honras e o prazer dos sentidos. Com estas três coisas a mente se distrai de tal maneira que muito pouco pode cogitar de qualquer outro bem. ... Assim, parecia claro que todos esses males provinham disto – que toda felicidade ou infelicidade reside numa só coisa, a saber, na qualidade do objeto ao qual nos prendemos pelo amor. De fato, nunca surgem disputas por coisas que não se ama; nem há qualquer tristeza se as perdemos; nem inveja, se outros a possuem;nenhum ódio e, para dizer tudo numa palavra, nenhuma pertubação da alma (animus). Ao contrário, tudo isso acontece quando amamos coisas que podem perecer, como são aquelas que acabamos de falar. Mas o amor das coisas eternas e infinitas nutre a alma de puro gozo, isento de qualquer tristeza..."

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

    Não posso deixar de citar, aqui, o poema de Carlos Pena Filho:
    Soneto do Desmantelo Azul
    Então, pintei de azul os meus sapatos 
    por não poder de azul pintar as ruas, 
    depois, vesti meus gestos insensatos 
    e colori, as minhas mãos e as tuas. 
    Para extinguir em nós o azul ausente 
    e aprisionar no azul as coisas gratas, 
    enfim, nós derramamos simplesmente 
    azul sobre os vestidos e as gravatas. 
    E afogados em nós, nem nos lembramos 
    que no excesso que havia em nosso espaço 
    pudesse haver de azul  também cansaço. 
    E perdidos de azul nos contemplamos 
    e vimos que entre nós nascia um sul 
    vertiginosamente azul. Azul.   
                                                          

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