do tratado da reforma da inteligência

"tudo o que acontece na vida ordinária é vão e fútil ....As coisas que mais frequentemente ocorrem na vida, estimadas como o supremo bem pelos homens, a julgar pelo que eles praticam, reduzem-se, efetivamente, a estas três, a saber, a riqueza, as honras e o prazer dos sentidos. Com estas três coisas a mente se distrai de tal maneira que muito pouco pode cogitar de qualquer outro bem. ... Assim, parecia claro que todos esses males provinham disto – que toda felicidade ou infelicidade reside numa só coisa, a saber, na qualidade do objeto ao qual nos prendemos pelo amor. De fato, nunca surgem disputas por coisas que não se ama; nem há qualquer tristeza se as perdemos; nem inveja, se outros a possuem;nenhum ódio e, para dizer tudo numa palavra, nenhuma pertubação da alma (animus). Ao contrário, tudo isso acontece quando amamos coisas que podem perecer, como são aquelas que acabamos de falar. Mas o amor das coisas eternas e infinitas nutre a alma de puro gozo, isento de qualquer tristeza..."

terça-feira, 30 de março de 2010



do abismo da desordem
como a água que é outra a cada instante
assim trago os sentimentos
tenho somente meia razão
e está tudo tão quieto que
mesmo o morto ao lado quebraria
se o tédio faz parte de uma vida
de sentimentos honestos
os homens de boa-vontade
têm um ar magoado
um silêncio de multidão
e a necessidade de poder contar a sua história
porque estar também é dar
e o corpo guarda a solidão do espírito
no impasse do si mesmo
uma solidão árida e grande
a derrocada de um mundo
vista da pequena altura de gente

os males secretos dormem de dia
como baratas invisíveis
que sobem pelos ralos
enquanto a gente sonha