do tratado da reforma da inteligência

"tudo o que acontece na vida ordinária é vão e fútil ....As coisas que mais frequentemente ocorrem na vida, estimadas como o supremo bem pelos homens, a julgar pelo que eles praticam, reduzem-se, efetivamente, a estas três, a saber, a riqueza, as honras e o prazer dos sentidos. Com estas três coisas a mente se distrai de tal maneira que muito pouco pode cogitar de qualquer outro bem. ... Assim, parecia claro que todos esses males provinham disto – que toda felicidade ou infelicidade reside numa só coisa, a saber, na qualidade do objeto ao qual nos prendemos pelo amor. De fato, nunca surgem disputas por coisas que não se ama; nem há qualquer tristeza se as perdemos; nem inveja, se outros a possuem;nenhum ódio e, para dizer tudo numa palavra, nenhuma pertubação da alma (animus). Ao contrário, tudo isso acontece quando amamos coisas que podem perecer, como são aquelas que acabamos de falar. Mas o amor das coisas eternas e infinitas nutre a alma de puro gozo, isento de qualquer tristeza..."

terça-feira, 24 de dezembro de 2013




Conforme combinado, aí vai a última publicação do ano:




ansiava embrenhar-se num azul ondulante
cega de esperas e sem qualquer definição
afundar o corpo numa calmaria líquida



se falasse, como assunto as essências e as medulas
nos corredores da casa ajustaria os cantos
de modo a não lhe caber tarefa
de afastar os tantos que deles insistem
em se conformar e se fazer lugar



se de mãos pudesse realmente dispor
daria gaiola às pequenas, às lívidas, veludo de toque
e como algoz implacável delas só reteria o canto
mãos presas só precisam de quem as escute dor



e, se por fim, lhe restasse um tanto de ainda paz
de seu comeria os ossos