do tratado da reforma da inteligência

"tudo o que acontece na vida ordinária é vão e fútil ....As coisas que mais frequentemente ocorrem na vida, estimadas como o supremo bem pelos homens, a julgar pelo que eles praticam, reduzem-se, efetivamente, a estas três, a saber, a riqueza, as honras e o prazer dos sentidos. Com estas três coisas a mente se distrai de tal maneira que muito pouco pode cogitar de qualquer outro bem. ... Assim, parecia claro que todos esses males provinham disto – que toda felicidade ou infelicidade reside numa só coisa, a saber, na qualidade do objeto ao qual nos prendemos pelo amor. De fato, nunca surgem disputas por coisas que não se ama; nem há qualquer tristeza se as perdemos; nem inveja, se outros a possuem;nenhum ódio e, para dizer tudo numa palavra, nenhuma pertubação da alma (animus). Ao contrário, tudo isso acontece quando amamos coisas que podem perecer, como são aquelas que acabamos de falar. Mas o amor das coisas eternas e infinitas nutre a alma de puro gozo, isento de qualquer tristeza..."

quarta-feira, 13 de maio de 2009



no início, uma dor agulhada
fincando a boca do estômago
e logo, dezenas de agulhas se multiplicando
a respiração cortada
o suor frio
as mãos tremendo
e o gosto ácido rondando a garganta
a normalidade das funções
tentando reter a golfada revolta e insistente
na ânsia do entornar
e que se lança, entretanto
fétida, descontrolada e suicida
boca afora

o limiar entre o que sacia
e o que envenena:
um defeito na pureza