do tratado da reforma da inteligência

"tudo o que acontece na vida ordinária é vão e fútil ....As coisas que mais frequentemente ocorrem na vida, estimadas como o supremo bem pelos homens, a julgar pelo que eles praticam, reduzem-se, efetivamente, a estas três, a saber, a riqueza, as honras e o prazer dos sentidos. Com estas três coisas a mente se distrai de tal maneira que muito pouco pode cogitar de qualquer outro bem. ... Assim, parecia claro que todos esses males provinham disto – que toda felicidade ou infelicidade reside numa só coisa, a saber, na qualidade do objeto ao qual nos prendemos pelo amor. De fato, nunca surgem disputas por coisas que não se ama; nem há qualquer tristeza se as perdemos; nem inveja, se outros a possuem;nenhum ódio e, para dizer tudo numa palavra, nenhuma pertubação da alma (animus). Ao contrário, tudo isso acontece quando amamos coisas que podem perecer, como são aquelas que acabamos de falar. Mas o amor das coisas eternas e infinitas nutre a alma de puro gozo, isento de qualquer tristeza..."

segunda-feira, 30 de novembro de 2009



Andei lendo um tanto e muito de Clarice Lispector, e não me canso de achar que ela sabia das coisas e continua sempre atual. Aí vai um pouquinho do quanto ela soube ser genial:

"Quando o amor é grande demais torna-se inútil: já não é mais aplicável, e nem a pessoa amada tem a capacidade de receber tanto. Fico perplexa como uma criança ao notar que mesmo no amor tem-se que ter bom senso e senso de medida. Ah, a vida dos sentimentos é extremamente burguesa."



circulações abertas para o território de combate
do sol nascente momento decisivo
do róseo ao amarelo


para o fim dos tempos
prova dos noves
sementes de maturidade
pequenos olhares sobre a dança de ontem
segunda vida


e o que sobrou
ferro e gosto

domingo, 29 de novembro de 2009

23/11/09



começo a viagem

com eles chegando ao caminho das pedras

interdito

ele afável

ela em seu jeito

natural

eles sabem onde vão

eu sei

e por isto

mesmo alhures

testifico

faço um primeiro pesponto

espargindo

um pouco da solução

volátil sobre a pele dela

um pouco fica, algo se libera do extrato

que opera

suave

sobre as superfícies despertas

faço o segundo pesponto

e vejo a tela de nuvens negras

abrir-se em franja ao poente de depois da chuva

feita de um amarelo brancacento

que pensa o branco em mim

assim como quem diz

é só isto

em tudo e por fim

faço então o último pesponto

apanho estas três coisas

e ponho-as em tuas mãos

te beijo

arrumo a cama

e como bem pouco sei de tudo

e pouco resta

durmo