do tratado da reforma da inteligência

"tudo o que acontece na vida ordinária é vão e fútil ....As coisas que mais frequentemente ocorrem na vida, estimadas como o supremo bem pelos homens, a julgar pelo que eles praticam, reduzem-se, efetivamente, a estas três, a saber, a riqueza, as honras e o prazer dos sentidos. Com estas três coisas a mente se distrai de tal maneira que muito pouco pode cogitar de qualquer outro bem. ... Assim, parecia claro que todos esses males provinham disto – que toda felicidade ou infelicidade reside numa só coisa, a saber, na qualidade do objeto ao qual nos prendemos pelo amor. De fato, nunca surgem disputas por coisas que não se ama; nem há qualquer tristeza se as perdemos; nem inveja, se outros a possuem;nenhum ódio e, para dizer tudo numa palavra, nenhuma pertubação da alma (animus). Ao contrário, tudo isso acontece quando amamos coisas que podem perecer, como são aquelas que acabamos de falar. Mas o amor das coisas eternas e infinitas nutre a alma de puro gozo, isento de qualquer tristeza..."

quinta-feira, 2 de outubro de 2008


em meio a massa do mundo
um vazio fez-se chumbo
se vestiu de soldado
e amou a leveza
presa
à natureza da bailarina
presa
ao nada
feito pose de papel
sempiternamente esquecida
do que é voar


algo quer descer
algo quer voar
como ajustar o desajuste
que é amar ?


então
o mudo mundo abstrato da guerra
esqueceu-se de brincar
e
cedo fez-se ato
fez-se água, fez-se fogo
fez-se tudo o que há


e
depois de tudo
algo do nada feito estrela
algo do nada feito armas
incendeia-se num vazio
que quer voar
e no fundo
quedo
um resto de chumbo
inda quer amar

(for andersen)


2 comentários:

  1. gostei e faço ligações entre este poema com o postado acima do poeta de Itabira.

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  2. concordo com o Wapler, a intenção lírica do poema de Drummond se reproduz de maneira bela no teu poema desta vez com o soldadinho de Andersen. impliquei um pouco com o
    algo quer... algo... acho um pouco
    piegas. mas o resultado final está
    redondo.

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