Depois do Carnaval, enfim inicia-se o ano, com tudo que lhe é próprio. Então, aí vai o primeiro poema de março e suas águas:
não sobrara pedra sobre pedra
do que acostumou denominar seu castelo
cravado que era na planície dos sentidos
ao pé dos ímpios montes de ressalvas
nesse espaço entre um vinco e outro de tempo
saudades feito maresias
que tomam de assalto as crinas desavisadas
e criam redemoinhos
heras teimosas cobrem os escombros
e sequer permitem esquecer
do tratado da reforma da inteligência
"tudo o que acontece na vida ordinária é vão e fútil ....As coisas que mais frequentemente ocorrem na vida, estimadas como o supremo bem pelos homens, a julgar pelo que eles praticam, reduzem-se, efetivamente, a estas três, a saber, a riqueza, as honras e o prazer dos sentidos. Com estas três coisas a mente se distrai de tal maneira que muito pouco pode cogitar de qualquer outro bem. ... Assim, parecia claro que todos esses males provinham disto – que toda felicidade ou infelicidade reside numa só coisa, a saber, na qualidade do objeto ao qual nos prendemos pelo amor. De fato, nunca surgem disputas por coisas que não se ama; nem há qualquer tristeza se as perdemos; nem inveja, se outros a possuem;nenhum ódio e, para dizer tudo numa palavra, nenhuma pertubação da alma (animus). Ao contrário, tudo isso acontece quando amamos coisas que podem perecer, como são aquelas que acabamos de falar. Mas o amor das coisas eternas e infinitas nutre a alma de puro gozo, isento de qualquer tristeza..."
terça-feira, 15 de março de 2011
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