a minha escrita
obtusa e seca
segue indelicada
e não se desvia
de sua fatalidade
nenhuma benevolência
há no que escrevo
e na dedicatória
está o que sufoca
rolo compressor
na loucura do que escrevo não sou
totalmente louco
antes imprevisível
como a trajetória de uma
mosca no interior da sala
o atordoamento de um
acaso sobrenatural
de minha consciência fiz minha droga
todos os meus fracassos
se assemelham
procedem da mesma falha
na minha escrita
lisa como uma imagem
restaurada na superfície legível
das palavras
tergiverso
se escondo uma paixão
que todos saibam o que não quero mostrar
na linguagem, um adulto
perfeitamente civilizado
discutindo com a criança
teimosa que meu corpo guarda
na região desesperada
entre o muito e o muito pouco
onde não estou
precisamente ali começa
minha escrita
sem o luto da própria sinceridade
algum poder se encontra
no fazer esperar
do tratado da reforma da inteligência
"tudo o que acontece na vida ordinária é vão e fútil ....As coisas que mais frequentemente ocorrem na vida, estimadas como o supremo bem pelos homens, a julgar pelo que eles praticam, reduzem-se, efetivamente, a estas três, a saber, a riqueza, as honras e o prazer dos sentidos. Com estas três coisas a mente se distrai de tal maneira que muito pouco pode cogitar de qualquer outro bem. ... Assim, parecia claro que todos esses males provinham disto – que toda felicidade ou infelicidade reside numa só coisa, a saber, na qualidade do objeto ao qual nos prendemos pelo amor. De fato, nunca surgem disputas por coisas que não se ama; nem há qualquer tristeza se as perdemos; nem inveja, se outros a possuem;nenhum ódio e, para dizer tudo numa palavra, nenhuma pertubação da alma (animus). Ao contrário, tudo isso acontece quando amamos coisas que podem perecer, como são aquelas que acabamos de falar. Mas o amor das coisas eternas e infinitas nutre a alma de puro gozo, isento de qualquer tristeza..."
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
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muito bom!
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ResponderExcluirDeisi Beier
ResponderExcluirBoa poesia, um lugar especial para a gente vim com certa freqüência,
rendo-me a sua pessoa, com admiração,
Efigênia Coutinho